terça-feira, 30 de setembro de 2014

Não deixe o amor esfriar

No início de um relacionamento, quando a paixão está em alta, fica mais fácil lidar com os defeitos do outro porque a troca de carinho é intensa neste período. Porém, ao passar dos meses e anos, dificilmente um casal consegue manter aquela mesma paixão que tinha no começo, o que pode até acabar com a relação se isto não for cuidado. Em entrevista com a Psicóloga Thayara Heitich Pedro, ela explica como um casal acaba deixando o relacionamento esfriar e como não deixar isto acontecer. Confira!

MDD: O que leva um relacionamento a "esfriar" com o tempo?

Psicóloga: Vamos partir do principio que, relacionamento significa relacionar-se, é ter a capacidade de conviver com o outro, seja numa ligação de amizade, relação afetiva, no ambiente de trabalho, enfim, o ser humano é um ser relacionável. Quando se fala em relacionamento amoroso, independente do tipo, exige de ambos, dedicação (de tempo, de sentimento, atenção), coisas que quando sozinho talvez nem se dê a si mesmo. Relacionar-se exige determinação e vontade. Vontade que dê certo, vontade de estar junto e vontade de amar.

Como é bonito um namoro recente, com carinhos, ligações, flores, mimos. Com o tempo, o casal passa mais tempo junto (o que não é regra), adquirem mais intimidade e é aí que chega a temida ROTINA. Muitas vezes, mesmo com todo sentimento envolvido, as coisas ficam comuns demais. Sorte daqueles que não a deixam chegar. As pessoas alegam que “perdeu a graça”, pois não há mais o que descobrir no outro.

Nesse momento é gerado dúvidas como: será que eu ainda gosto dele? Cadê o “friozinho na barriga de antes? O que eu faço?”. Claro que existem situações diversas que fazem o relacionamento desgastarem (traição, agressão e etc), mas nesse exemplo, com certeza as duas partes estão com muitos pensamentos sobre a relação, mas não colocam para fora, tem-se um problema de COMUNICAÇÃO.

No caso de resgate da relação, a terapia de casal ajuda muito, sendo que o objetivo de consertar a relação, no sentido de encontrar uma solução para os dois, mesmo que seja admitir a separação. A função da terapia de casal é tratar a comunicação entre as partes, identificar o que contamina este relacionamento, encontrar novas ações e fazer novos contratos.

O fato é que não existem receitas prontas que digam o que se deve fazer para evitar, apenas prevenir. A comunicação é essencial para o casal, as famosas D.R. Discutir a relação de forma consciente e aberta de esclarecer situações, não deixando aquilo que incomodou guardado. Cada questão guardada é um tijolo no muro que você cria que te afasta do outro.

A rotina, correria do dia-a-dia, trabalho, quando casados vem os filhos e afazeres familiares, é outro fator que dificulta a ter tempo para namorar. É preciso que os dois tenham a sintonia para querer renovar. Se os dois querem fazer diferente, mudar, já é um grande passo. Não é preciso viagens caríssimas e meses de férias, mas pequenas pitadas de afeto no dia-a-dia, em meio o “sem tempo”, já alegra o coração.

MDD: Dicas para não deixar um relacionamento cair na rotina, tanto para homens como para mulheres.

Psicóloga: Não existe certo ou errado numa relação. Obviamente, se o relacionamento fosse um eterno começo seria muito melhor. Mas, só paixão não faz um relacionamento. Com o tempo a vida fica mais tranquila, mas nem por isso precisa ser monótona. Por exemplo: Planejar programas é bom, mas relembrar o começo do namoro, pequenas surpresas reportam ao tal “friozinho na barriga” que tanto é venerado. Ir a lugares que foram marcantes ou até aqueles que frequentavam no início, fazer coisas diferentes do habitual.

Outro ponto: individualidade. É muito bom viver com quem se ama, mas vale lembrar-se da importância de amar-se em primeiro lugar. Cada pessoa tem sua identidade, sua individualidade. Quando dizem: amamos-nos, agora somos um só, não obedeça ao pé da letra. Cada qual é um ser individual, com seus gostos, seus amigos, suas vidas separadas. É importante que cada um cultive um momento só seu, respeitando o espaço do outro.  

MDD: Como não deixar que a vida profissional interfira no relacionamento pessoal?

Psicóloga: Quanto à vida profissional, dada as mudanças da nossa sociedade, onde as mulheres estão cada vez mais ativas no mercado de trabalho e tanto homens e mulheres estão inseridos em um ambiente de estresse, pressão e escassez de tempo, está muito mais difícil separar a vida pessoal da vida profissional. Muitas pessoas vivem em função do trabalho e quando vão para casa sentem-se na obrigação de trabalhar mais. 

Realmente a exigência é grande, mas não se pode sentir-se culpado por deixar o trabalho de lado (no fim de semana, por exemplo), para se dedicar ao parceiro. É preciso ter consciência das suas obrigações quanto trabalhador, mas também da vida pessoal, o que influência também na saúde do indivíduo. O indivíduo que busca realização deve atentar-se aos sacrifícios - sacrificar os dias livres para trabalhar? E o lazer, como fica? Qual relação você prioriza, seu companheiro ou o trabalho? Deixo claro que me refiro aos momentos em que a pessoa poderia estar em descanso, mas não está.

MDD: Como lidar com os defeitos do outro para não deixar que isto intervenha no relacionamento?

Psicóloga: O que é o amor se não o fato de aceitar a outra pessoa como ela realmente é. A aceitação é a chave. Não existe alguém sem defeitos, o que faz você amá-lo é a aceitação. Naturalmente o ser humano cria expectativas – idealiza, mas quando descobre que a pessoa é diferente do que idealizava surge à desilusão, ocasionando brigas e separação, pois ela se sente frustrada e até traída, pois achava conhecer alguém que realmente não é. É preciso ser realista quando aos desejos, caso contrário, será uma eterna busca de um ideal que não existe. 

A dificuldade que muitos têm em encontrar um parceiro é o fato de não conseguir conviver com os defeitos do mesmo, que não se enquadra no molde idealizado. Essas pessoas têm sempre a frase na ponta da língua: “não encontrei a pessoa certa”. A verdade é que suas exigências não são supridas, pois são grandes demais. 

Se não houver cuidado isso pode se tornar algo frequente que acaba por minar o relacionamento. A Psicoterapia ajuda o indivíduo a identificar suas projeções e dificuldade no relacionamento, com objetivo de tornar a relação atual mais saudável, ou evitar que isso vire um padrão de repetição.

MDD: Para os relacionamentos à distância, que a conversa presencial se torna menos frequente, como o casal pode lidar com isto para que não desgaste e termine?

Psicóloga: O relacionamento começou com a presença, mesmo que virtual, então, essa presença deve continuar. Usar da tecnologia que os aproximou para aproximá-los mais ainda é de grande importância. Claro que, quem escolhe viver um relacionamento assim, tem que aprender a lidar com a ansiedade e a saudade, além do ciúme. Aí entra a autoestima. No caso da mulher: se ele escolheu você, mesmo estando longe, é porque ele está ou deveria estar comprometido com a relação. Se não fosse isso, não teria necessidade de um relacionamento. 

Distância pode ser um ponto importante para despertar nas partes a criatividade, vale tudo para surpreender e fazer todo esse empenho valer à pena (escreva uma longa carta, mande um cartão postal, componha uma música ou crie um álbum de fotos com a história de vocês). À distância ou não, todo relacionamento deve ter como base o respeito e a confiança de ambas as partes.




Por: Thais Trevisol

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